Rede pública oferece tratamentos a fumantes que queiram deixar o vício

O Ministério da Saúde estima que 19 milhões de fumantes precisam de tratamento para deixar de fumar. Segundo o Inca, 85% das pessoas que tentam deixar de fumar sozinhas têm recaída dentro de uma semana. O Jornal Nacional exibe nesta quinta-feira (1º) a terceira e última reportagem da série sobre tabagismo. O repórter André Luiz Azevedo mostra como é o tratamento na rede pública de saúde para quem quer parar de fumar. Preparar o cafezinho da tarde é uma rotina para Dona Regina, um hábito que a aposentada não larga, assim como o cigarro. “É a minha felicidade”, ela conta. Companhia, apoio, ajuda contra a ansiedade e, assim, vão quase dois maços por dia. “Fumo há 56 anos. Tentei parar, mas não consegui. Dessa vez agora, fiquei sete meses sem fumar. Voltei porque eu fiquei gorda demais. Uma velha gorda, pelo amor de Deus! Não, eu voltei a fumar!”, diz Regina. Segundo um relatório do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 85% das pessoas que tentam deixar de fumar sozinhas têm recaída dentro de uma semana. “Voltei, não tem motivo. É o hábito, a convivência, o ambiente”, avalia o aposentado Raul Ribeiro. A guerra contra o cigarro é difícil, todo mundo sabe. Por isso, tem muitas frentes, muitas táticas. Mas a boa notícia é que ela está sendo vencida. Além de quem nunca fumou, hoje, no Brasil, já há mais ex-fumantes do que fumantes. Todo dia, em algum lugar do país, surgem grupos de pessoas que querem aprender como vão parar de fumar. Em um deles, Dona Regina desabafa. “Minha ânsia de comer, de madrugada, de abrir a geladeira”. E, depois, ouve: “No começo, você pode até engordar, mas você tem que ter paciência e isso vai voltar ao normal”, orienta a coordenadora do grupo. O estímulo, muitas vezes, vem dos companheiros de grupo. “Eu estou me sentindo mais bonita, toda vez repito a mesma coisa: ‘meus dentes estão maravilhosos’. Estou fazendo bem a mim, a minha família, a meus amigos que convivem comigo, e a maioria não fuma, acho que estou fazendo bem à humanidade”, conta a diarista Daniele Ferreira Gomes. O Ministério da Saúde estima que 19 milhões de fumantes precisam de tratamento para deixar de fumar. “Tabagismo é uma dependência. A gente está falando de uma droga. Tanto a parte física, psicológica ou comportamental precisa, sim, de tratamento. Em geral, a relação mais longa que o fumante tem na vida é com o cigarro”, explica Sabrina Presman, coordenadora do Programa de Combate ao Tabagismo no Rio. O Brasil foi o primeiro país a fornecer, na rede pública, medicamentos para combater o vício. Mas o programa, oferecido pelo Sistema Único de Saúde, só existe em cerca de 900 dos mais de 5 mil municípios do país. “Esse ano, nós já estamos oferecendo R$ 46 milhões a partir dos pedidos que vieram dos municípios e dos estados. Hoje, mais de 2 mil unidades básicas de saúde do país já oferecem esse tipo de tratamento”, afirma o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Os tratamentos e programas de apoio para largar o cigarro tentam passar uma mensagem bem simples: começar a fumar é fácil, parar é difícil, mas em qualquer idade vale a pena. “Tenho vontade de fumar. O vício continua. É um hábito adquirido há 12 anos. Não tem como esquecer esse hábito em 21 dias. Agora eu tenho mais força de vontade do que vício, eu não quero mais fumar”, garante Daniele. “Eu fico assim: ‘vou te deixar, condenado. Vou te deixar, condenado!’. Mas eu vou deixar, se Deus quiser”, torce Regina. FONTE:JN

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